11 fevereiro, 2007

Geni e o Zé Pelintra

Esta eu tinha feito pro Observatório Carioca. Mas resolvi aparar umas arestas e trazer pra cá também.
Leblon. Manhã de domingo, caminho da praia. Passo por um sujeito que estica o braço, segurando um papel, e diz qualquer coisa que não compreendo. Chego mais perto: “O que foi?”. Ele repete: “O senhor aceita essa leitura?”. E me oferece o papel, que aceito, claro, e agradeço. Ameaço retomar o caminho, mas ele ainda me olha e afirma: “Todo o seu sofrimento vai acabar!”.

Fico perplexo. Ele sabe que estou sofrendo. Nem eu mesmo sabia, ia à praia aproveitar o domingo de sol. No entanto sofro, está estampado em meu rosto. Um sofrimento cristalino e bronzeado. Mas terá fim, ele me garantiu.

Olho com mais atenção. É um folheto religioso.

“Quando o fim vier, quem sobreviverá? (…) Os retos são os que residirão na terra e os inculpes são os que remanescerão nela. Quanto aos iníquos, serão decepados da própria terra”.

Ponho o papel no bolso e me lembro de Geni: “Quando vi nesta cidade tanto horror e iniqüidade, resolvi tudo explodir. Mas posso evitar o drama se aquela formosa dama esta noite me servir”.

Mas é dia claro de sol, a praia está à minha frente e as pessoas passeiam, brincam, se banham, se despem. A cidade me seduz.

Não sabe que eu sofro. Ele sabe.

Um comentário:

lyz disse...

Sabe o que foi?
Embora não seja possível, pois vc é lindão (pode perguntar pro grande elenco e não só) ele, tomado, confundiu você comigo hohoho
beijo