13 setembro, 2006

Ainda a neutralidade

(...) A Telemar, recentemente, decidiu bloquear alguns tipos de serviços em seu serviço de banda larga conhecido como Velox, argumentando que estava censurando conteúdo por razões de segurança, para “proteger os usuários”. De novo o caso de uma operadora de infovia que decide, ilegalmente, bloquear conteúdo. Em um experimento, máquinas de usuários conectadas à rede Velox que podem estar funcionando com características de servidor sofrem com freqüentes quedas da camada de conexão de banda larga, que é simplesmente reiniciada para mudar o número IP designado pela operadora.

Essas iniciativas de intervenção na camada de conteúdo por parte das operadoras, além de ilegais, dificultam o uso das máquinas dos usuários para uma série de serviços, entre os quais a administração remota de servidores, o teste de serviços antes de ativá-los em um servidor real, além de ser freqüentemente orientada a prejudicar a comunicação bilateral que envolve tráfego significativo nos dois sentidos. É como se as operadoras de banda larga nos dissessem: use seu computador como um receptor de TV, não como um comunicador! Mas, se você quiser usar mesmo como um comunicador, então vamos decidir o que você pode e não pode comunicar, e com que eficácia. A lei? Ora, a lei...


Em alguns casos, torna-se óbvia a motivação real: reduzir o mais possível a eficácia de serviços que possam competir com serviços similares oferecidos pela operadora. (...) Por exemplo, uma operadora de banda larga pode (como já estão fazendo) instalar grandes bases de servidores Web com conectividade praticamente direta para os usuários dessa operadora e, a partir desses servidores, oferecer repositórios pagos de música e vídeo e outros serviços Internet mais tradicionais, de modo que, cada vez mais, o usuário seja induzido a ficar restrito a esse tráfego e cada vez menos busque o resto da Internet. Quando buscar, poderá ter uma qualidade de tráfego deliberadamente pior. Por exemplo, você conseguiria baixar um CD inteiro do servidor da operadora em 20 minutos, mas levaria um ou dois dias baixando um CD de um sítio Internet fora do âmbito da operadora, mesmo que a banda passante real para este sítio “externo” seja de excelente qualidade e esteja descongestionada.
Carlos Afonso escreve no Oppi sobre a neutralidade da rede.

Nenhum comentário: