30 outubro, 2007

A bola

O presidente da República; os governadores de Rio, São Paulo, Minas Gerais, Pará, Acre, Amazonas, Pará, Ceará, Goiás, Bahia, Pernambuco e Distrito Federal; o ministro dos Esportes; um senador; um escritor-compositor-mago; um ex-craque em atividade; o técnico da Seleção Brasileira; a trupe da Confederação Brasileira de Futebol.

Não precisava de tudo isso. São cartas marcadas - nunca a frase "a Copa do Mundo é nossa" foi tão dispensável. Mas a presença desse grupo tão numeroso é um mau indício. Indício de permanência de velhos vícios, prenúncio de que as piores previsões se confirmem, beneficiando uma meia-dúzia de amantes do esporte - e aqui a palavra "amante" entra no sentido do que tira proveito, não daquele que de fato ama.

A partir deste momento em que se oficializa o Brasil como sede da Copa de 2014, a pergunta a ser feita diariamente pela imprensa é a que o jornal O Globo [na edição impressa, de acesso restrito] reproduz em sua edição de hoje: quem está pagando a conta?
Ontem, na valsa de políticos que desfilava na entrada do hotel Marriott, de quatro estrelas, só um mistério: quem está pagando a conta? O governador José Serra disse que ele pagou sua passagem.

Sobre o hotel, foi direto: — Ah, não sei. Não tenho idéia! O governador do Amazonas, Eduardo Braga, disse inicialmente que, no seu caso, a Fifa pagou tudo. Depois, titubeou: “É a Fifa ou é a CBF? Agora não sei”. No entanto, um dos porta-vozes da Fifa, o americano John Schumacher, disse ao GLOBO que a entidade não contribuiu com um centavo nos custos de viagem e hospedagem das delegações candidatas — além do Brasil, Canadá e Alemanha disputam o direito de sediar o Mundial feminino, em 2011.

O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, afirmou que alguns governadores foram convidados pelo comitê de campanha, mas não soube dizer quantos ou quais. E disparou: — Quando decidiram a sede da Copa da Alemanha, a revista Der Spiegel [a mais prestigiosa do país] não perguntou quem pagou a conta dos que vieram. A preocupação da Alemanha foi levar a Copa!
Ele se incomoda com a pergunta. É mais um motivo para tentar descobrir a resposta.

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