04 outubro, 2007

Nunca antes neste naquele país

Transcrevo a seguir o depoimento de Shahzad Ahmad, ativista social da área de comunicação que atualmente trabalha como voluntário para a organização Bytes for All, coordenando um trabalho de monitoramento das políticas do governo paquistanês para o setor de tecnologia de informação e comunicação:
O que se vê no Paquistão é "liberdade de expressão como nunca houve". Este é o principal slogan utilizado pela imprensa estatal.

De fato, é liberdade como nunca houve. Essencialmente, liberdade para matar e seqüestrar jornalistas, liberdade para prender membros de suas famílias, liberdade para agredir com bastões ou gás lacrimogêneo em eventos públicos, liberdade para abafar a voz da população usando a polícia e o exército.

O Paquistão, assim como Mianmar, é governado por um grupo militar hegemônico. E a opressão do Estado chegou ao seu nível mais alto. Diante da tolerância zero contra qualquer voz insurgente, a comunidade jornalística tem sido a mais atingida. O Estado vem usando todos os meios para impedir a liberdade de imprensa.
Segundo Ahmad, o governo paquistanês tem bloqueado parcialmente o acesso internet e a canais de televisão, além de pressionar a mídia a publicar apenas a "versão oficial" dos fatos.

No dia 29 de setembro, quase 30 jornalistas foram agredidos pelas forças de segurança do governo. Dois deles chegaram em coma ao hospital. Apesar de boa parte dos equipamentos ter sido danificada, circulam por aí imagens que dão uma idéia do que aconteceu. Note-se que, além dos homens fardados, há agentes "da lei" que usam roupa branca e também participam das agressões.
O Paquistão desfruta de uma "liberdade de expressão como nunca houve". Sim, a liberdade de matar, seqüestrar, calar vozes. Que deus nos ajude!

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