20 novembro, 2007

BBB

Lembro quando a preparação da Seleção Brasileira pra uma Copa do Mundo era envolta em um certo "mistério". Com as devidas aspas, claro, porque não era propriamente mistério. É que as notícias chegavam mais devagar. A gente ficava sabendo do que era realmente importante nos informes de rádio ou nos plantões da televisão. No mais, era saborear as reportagens de um globo esporte da vida, com os melhores momentos do último treino e uma ou outra entrevista. Não havia nem sombra dessa programação full-time de hoje em dia, em que emissoras de televisão passam horas mostrando ao vivo o que se passa com a Seleção, numa espécie de Big Brother esportivo.

Tudo bem que atualmente existem canais exclusivamente dedicados ao esporte, que podem se dar esse luxo. Mas é uma overdose.

E tome mesa-redonda analisando o treino da véspera! Corta para a coletiva do Dunga (e abstraiam-se as perguntas e respostas vazias). Volta para os comentaristas analisando o desempenho do treinador. Corta para o emocionante saguão do hotel. Volta para os comentaristas. Retorna para o repórter ouvir o que os funcionários do hotel acham da Seleção. Volta para os comentaristas. Passa para o repórter que está no campo onde vai ser realizado o treino. Mais uma vez, retorna ao estúdio. Repórter do hotel chama para mostrar que o ônibus que vai levar os jogadores pro treino já está na porta. Entrevista com o motorista. De novo no estúdio. Repórter chama: conversa com um dos policiais que vão fazer a escolta do ônibus. Estúdio novamente. Outro chamado: os jogadores estão começando a descer. Repórter faz o relato ao vivo:

Os jogadores da Seleção já começam a aparecer... lá vem o Mineiro! Tudo bem, Mineiro? (Mineiro acena com a mão e sorri). Agora vêm chegando o Juan e o Kaká, falando no celular (gritaria histérica de adolescentes atrás do cordão de isolamento: Kakáááááááááááááá). Estão chegando o Diego, o Robinho... passa o Rodrigo Paiva, assessor de imprensa da CBF... agora o Lúcio, o Júlio César... vem lá o Ronaldinho Gaúcho pra entrar no ônibus... O tornozelo tá bom, Ronaldinho? (ele faz sinal de positivo). Passa o Maicon, o Wagner Love... Wagner! Ô, Wagner! (Wagner passa direto, sem olhar pra trás).

E segue uma surreal narração do ônibus fechando a porta, manobrando, fazendo a curva e seguindo viagem.

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