15 agosto, 2006

Tisnar a honra? Então tá...

A ONG Transparência Brasil lançou uma campanha em que pede aos eleitores que não votem pela reeleição de políticos (não cita nomes) envolvidos nos escândalos recentes de "mensalões", "saúvas" e "sanguessugas". Está no seu pleno direito.

Mas eis que no dia 14 de agosto, ontem, o Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores resolve apresentar notícia-crime contra a Transparência Brasil. Por causa da campanha, vejam vocês. O PT alega que a organização "se excedeu". Transcrevo aqui do próprio site do partido:
O pedido destaca que o PT se baseou na "presunção da inocência", princípio constitucional brasileiro, para incluir "os nomes de deputados absolvidos por seus pares na sua chapa de candidatos a deputado federal". Segundo o pedido, assinado pelo presidente do PT de SP, Paulo Frateschi, a campanha encetada pela associação "acaba por tisnar a honra e a moral de seus candidatos". Para o presidente, a situação "inverte o princípio da presunção de inocência", pois, na lógica da campanha, "ter sobre si qualquer suspeita já significa ser culpado".
Perfeitamente. Recorrer à Justiça também é pleno direito do PT. Só discordo. E lamento. Diante disso, fico com o que diz Claudio Weber Abramo, diretor executivo da Transparência Brasil:
Não há razão jurídica que impeça qualquer cidadão ou organização de pregar ao eleitor que evite votar neste ou naquele indivíduo por qualquer razão que seja, desde que verídica.

É verídico que parlamentares foram indiciados na Justiça como réus em inquéritos relativos a escândalos como os do Mensalão, dos Sanguessugas, dos Gafanhotos e tantos outros.

Sendo verídico, nada há que nos impeça de instar o eleitor a evitar votar no gênero de indivíduo que se comporta de modo a dar motivos para sofrer indiciamento criminal.


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